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A arara e o macaco

Sylvio Luiz Panza

A arara e o macaco
Ao fugirem em debandada
Numa gruta se esconderam
De uma grande onça-pintada

Abrigados, os dois bichos
Com a onça ali, à espreita,
Cochichavam bem baixinho
Para não deixar suspeitas

Ao querer bolar um plano
Sem poder nem evitar
Para impor suas idéias
Pôs-se a arara a gritar

O macaco respondeu
Sem querer ficar pra trás
Esquecendo do perigo
Começou a gritar mais

Quando a onça ia embora
Se animou com tudo isto
Descobriu o esconderijo
Ao ouvir o reboliço

Teve início novamente
A caçada e a fuga
Aprenderam, então os dois
De maneira muito dura:

Quando todos falam alto
Onde ninguém ouve um pouco
As palavras são perdidas,
Não se chega a um acordo.