Sylvio Luiz Panza
Um canário na gaiola
Era sempre escutado
O seu canto, muito lindo
Era bem admirado
Todos os dias logo cedo
E até o fim do dia
Quem passava lá na rua
Já ouvia a sinfonia
Certa vez apareceu
Na gaiola do alpendre
Outra espécie de canário
Duas jaulas frente a frente
Sem mais nada pra fazer
Conversaram de imediato
Ao canário mais antigo
Perguntou o mais novato:
-Meu amigo de exílio,
há mais tempo estás aqui.
E por que demoras tanto,
pra gritar “Quero ser livre?”
-Meu amigo canarinho,
Respondeu o veterano.
“Isto eu grito todo dia,
mas só sei gritar cantando!”
Você sabia? Na época da troca
de penas os canários não cantam.